🎧 O que ando ouvindo: agosto/2023
Jazz mongólico, sintetizadores sudaneses, pop egípcio, PJ Harvey, Little Dragon
Agosto não foi um mês fácil. Precisei me despedir do meu gato Vincent, que foi diagnosticado com um problema genético de coração em fevereiro.
Por mais que a sensação que fique é que ele se foi cedo demais e tinha muita coisa para viver ainda, fico feliz de ele ter vivido mais alguns meses desde o diagnóstico e ter passado o meu aniversário e o aniverário de 5 anos dele e da irmã dele comigo.
Neste longo processo de lidar com o luto e os dias difíceis que levaram a ele, recorri a trabalhos manuais. Pela primeira vez, experimentei pintar com spray e tinta para madeira e dei novas cores ao meu home office. Aprendi a criar carimbos e pintar tote bags. Também voltei a praticar desenho e crochê. E ainda comecei um novo diário inspirada pela newsletter da
.Para acompanhar essa tarefas, escutei músicas que me trouxessem algum tipo de conforto e me ajudassem a desligar.
Como não consegui terminar nenhum dos textos que eu tinha começado para essa newsletter, decidi testar um novo formato, com alguns dos discos e músicas que andei ouvindo em agosto.
Enji: Ulaan
Ulaan é o mais recente disco de Enji, cantora nascida em Ulaanbaatar, na Mongólia. Atualmente vive em Munique, na Alemanha.
Enji faz uma mistura de jazz e música tradicional mongólica. Com músicas cantadas na sua língua materna e tendo se inspirado em sonhos e na natureza, o disco parece um sonho numa língua estrangeira desconhecida. Esse sentimento é realçado com o uso de instrumentos como o clarinete.
Destaque para a música Taivshral, que guarda semelhanças com a música brasileira.
Onde ouvir: Spotify | Bandcamp
Jantra: Synthesized Sudan: Astro-Nubian Electronic Jaglara Dance Sounds from the Fashaga Underground
Sigo em busca de artistas não tão óbvios quando o assunto são sintetizadores e foi assim que conheci Jantra.
Jantra vive em Gadarife no Sudão, numa região que faz fronteira com a Etiópia e a Eritrea, onde se apresenta em raves com o seu sintezidador Yamaha, que precisou ser adaptado para que ele pudesse tocar ritmos da música sudanesa.
O disco foi lançado esse ano pelo selo Ostinato Records, que tem relançado discos clássicos perdidos de artistas do continente africano.
Onde ouvir: Spotify | Bandcamp
nour: Wana
Tenho ouvido repetidas vezes Wana, o mais novo single da cantora egípcia nour. Os vocais em árabe e o som que combina dreampop e drum'n'bass tem me feito viajar. O clipe da música é muito gostoso de assistir.
Onde ouvir: Spotify
PJ Harvey: I Inside the Old Year Dying
Lançado esse ano, I Inside the Old Year Dying é o primeiro disco da cantora em sete anos. As músicas do disco foram adaptadas do seu livro de poesia épica Orlam, que PJ Harvey lançou no ano passado e acompanha a jornada de uma menina de 9 anos chamada Ira-Abel.
Tendo como cenário uma área rural ao oeste da Inglaterra, os versos são cantados no dialeto de Dorset, onde a cantora cresceu.
Não apenas há algo de diferente no seu jeito de cantar, como o uso de palavras típicas desse dialeto, tais como "lwonesome" em vez de "lonesome", dão uma atmosfera folclórica ao disco.
Onde ouvir: Spotify | Bandcamp
Little Dragon: Slugs of Love
Conheci o Little Dragon através da participação da banda no disco Plastic Beach do Gorillaz lançado em 2010 e desde então tenho acompanhado tudo o que eles fazem.
Slugs of Love é o sétimo disco de estúdio da banda sueca encabeçada pela cantora Yukimi Nagano, que combina R&B, synth pop e música eletrônica. O disco conta com a participacão de Damon Albarn na música Gold, 13 anos após a primeira colaboração deles.
Esse mês o quarteto se apresentou no Tiny Desk.
Onde ouvir: Spotify | Bandcamp
📖 O que ando lendo
Para quem não sabe, desde 2022 eu organizo um clube do livro em português na Holanda junto com uma amiga: o Clube Margem. Em julho, nós criamos uma newsletter para o clube, onde escreveremos resenhas dos livros que estamos lendo.
Em julho, enviei a primeira resenha, sobre o livro Peitos e ovos, de Mieko Kawakami. E em agosto, escrevi uma resenha sobre Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior.
Um abraço e até a próxima,
Maíra
recomendações musicais tinindo! <3
Adoro ouvir coisas novas mas confesso que tenho um pouco de preguiça de ir atrás e acabo ouvindo sempre as mesmas coisas. Sua newsletter veio em boa hora, obrigada pelas dicas! Um beijo